domingo, 29 de novembro de 2009

Sim, estou confusa. E já não faz pouco tempo. Ou, talvez, esteja apenas resistindo aos meus desejos por puro medo ou despreparo físico. Físico, sim! Porque tem horas que amar dói no corpo. Mais do que na alma. Porque o espírito é forte. Mas a carne é fraca. Ora, se não.

Quando menina, quantas vezes imaginei o meu homem a cortar lenha enquanto eu, às voltas com o fogão, vivendo uma vida mansa, mãos na cintura, vento no rosto, a olhar o céu. Uma casa rústica, galinhas cacarejando, gatos a miar. Cada coisa no seu lugar. Homem sendo homem. Mulher sendo mulher.

Meu homem chegando por trás, suado, em busca de água, dando uma leve palmada nos meus flancos e dizendo: “e aí, mulher, tá pronto esse rango?” Risadas, gracejos.

“Tira a mão da panela!” Mais risadas, mais gracejos. Cachorro abanando o rabo para nós. Querendo rir junto. Tudo existindo na mais perfeita ordem. Sim, um sonho rural.

Um sonho.

Mas eu me tornei uma mulher urbana. Com ambições, carreira, às voltas com homens indecisos de sua masculinidade. Assustados com a vida. Tanto quanto eu.

E então conheci você. Tão certo de suas loucuras. Tão afirmativo em suas fraquezas. Tão másculo e frágil ao mesmo tempo. Inteligente, descaralhado, lúcido, louco! Não, não era o homem da lenha. Mas me fez me sentir tão mulher como no meu sonho juvenil.

E agora... nós. Às voltas com nós mesmos.
Será isso o fim?

Beijos. Dolores.

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