segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Às vezes me torno uma mulher invisível. Pensei inacessível mas a palavra certa é a outra mesmo. Hoje, por exemplo, sonhei que entrava furtivamente em sua casa. Meu coração batendo acelerado enquanto andava, vagarosa, pela sala sem você. Só não me atrevia a entrar nos aposentos íntimos porque algo de inexplicável me impedia de fazê-lo. No sonho, a dúvida: “será que ele não está mesmo ou está dormindo no quarto e a qualquer momento acorda e me pega aqui?” O porteiro, minutos antes, havia dito “não, ele saiu”, ao me dar a chave com a tranqüilidade conivente de me saber esposa.

Vou embora assustada e encontro estranhos vizinhos no corredor. Devem ser moradores novos. Penso. Entro no elevador, descendo com o coração na boca. Veja você. Só em casa percebo que esqueci de devolver a chave. E, pior! De trancar a porta! Mais pânico.

Volto tele-transportada ao local do crime (em sonho, tudo é possível). Debruçada à janela e ainda temerosa – vá lá saber por que – ouço ruídos na fechadura. “É ele!” Inteiramente apavorada. Sei que você vai estranhar a porta aberta e da chave não estar ali. A essa altura, ela se perdeu! Sei que você não me verá à janela e, por mais absurdo que isso possa parecer, é justamente o fato de não poder ser vista o que me apavora cada vez mais! Dez, nove, oito... “Ele vai entrar!” Sete, seis, cinco... Não tenho coragem de me virar! Quatro, três... “Será que está sozinho ou com outra?” Dois... “Se me tocar, será que ficarei visível?” Um!

Acordo.

Beijos.

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