terça-feira, 24 de novembro de 2009

Você nunca negou uma enorme curiosidade por meus "interiores". Seu inconsciente providenciou este sonho na hora certa, no momento em que estamos nos reencontrando, nos restabelecendo, nos recuperando, nos re, re, re uma porrada de coisas. E aí você se torna uma mulher invisível e vaga por meus "interiores", temerosa em ser flagrada, idolatrada, salve, salve! Claro que estou lisonjeado com este sonho, que deve ter sido longo e profundo. Creio. Gosto de ser personagem de suas andanças pelos salões existenciais que você encontra, observa, sorve. Ser sorvido por você é sempre uma delícia. Acordada ou dormindo.

No entanto, este sonho mostra um certo medo de mim. Por que Dolores? O que a faz me temer assim? Você escreveu: "Só não me atrevia a entrar nos aposentos íntimos porque algo de inexplicável me impedia de fazê-lo." Lamento frustrá-la mas você já conhece profundamente meus aposentos íntimos. Afinal, foi você quem os descobriu e me revelou. Seu sonho foi humilde o tempo todo, mas nada do que ele revelou é novidade na vida real. Você sabe disso. Não, não vou afirmar. Vou perguntar. Você sabe disso? Que conhece todos os meus aposentos, que não tenho mais senhas, nem códigos e muito menos manhas para você?

Mais: você não me conhece através de minhas falas, minhas declarações, extraídas de nossos infindáveis papos-cabeça. Você me investigou minuciosamente ao longo desses anos a ponto de tirar conclusões como aquela muito infeliz em Arembepe que ocasionou a nossa maior porradaria. Quase nos separamos definitivamente em pleno paraíso tropical. Por mais que tenhamos pedido um ao outro para esquecermos esse episódio, não esqueci. E, tenho certeza, você também não. De volta a seu sonho no final, você gostaria de ter acordado ao meu lado? Na vida real, em tempo real? Ou eu ainda sou um episódio que a sua essência prefere vivenciar em sonhos? Hein? Tony.

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