segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sabe, Dolores, dizem que o Casal Garcia acabou engarrafado pelo excesso de farpas. Meu amor, a Solange sempre foi tão boazinha com você. Por que essas agressões gratuitas contra as receitinhas dela? Longe de tentar te entender, e perto de evitar te perder, tomo aqui a defesa de Solange: fora Solange! Está bom assim? Meu amor, a única defesa cabível para Solange é a ejeção, já que a ereção não me é tão prioritária como você julga parecer.

Posso ser objetivo como um arpão? Você aceita me compartilhar como homem hóstia ou vai continuar abraçada a prudência? Mais: vai continuar me esculachando toda a vez que ouço Dear Prudence, que como já expliquei a seu consciente é o nome da irmã de Mia Farrow, mas seu inconsciente sabota covardemente e diz que os Beatles fizeram uma homenagem à prudência? O pior de tudo isso é que sei o que você quer de mim nesta vida. Mais do que Carlos Castañeda e seus peiotes, você deseja que eu seja sua Anais Nin, e isso parece confundir ainda mais o seu grau de miopia em relação ao meu afeto. Ou você ainda duvida que o afeto é pessoal e intransferível como um CPF?

Minhas fugas de moto. É. Minhas fugas de moto. Fujo para chorar em algum terreno baldio quando me sinto rejeitado. Como agora. Sim, estou me sentindo rejeitado, como uma bactéria vagabunda, mas não é por isso que você vai vibrar o beicinho e fazer cara de choro. Não! A rejeição é a única questão filosófica resolvida pelo ser humano. O resto está sub judice. E minha angústia de agora, somada a rejeição, é esse aroma de perda que você deixa no ar (meu amor), que me faz lembrar o Casal Garcia. Não vamos nos deixar engarrafar. Mesmo como vinho de elite. Se tiver que engarrafar, que seja eu. Você merece a liberdade mais absoluta já descoberta pelo homem ou qualquer outro mamífero dos sistemas solares.

Eu ia colocar no envelope uma foto de minha Primeira Comunhão para te mostrar que, até determinado ponto da linha do horizonte, sou um sujeito normal segundo o Vaticano. Mas não encontro essa foto. Sei que ela existe porque enquanto fazia minhas juras, um senhor tirava fotografias minhas. Eu usava uma roupa branca, de linho, e lembro que fazia muito calor. Mais do que quando me enfiava sob os cobertores da sua caridade, sempre maculada por meus desejos chulos. Quanto a esta senhora, Carly Simon, me perdoe. Por favor, me perdoe fundo. Eu não a conheço. Talvez realmente esteja na hora de conhecer a internet e, em um mês, conhecer a tudo e a todos. Não conheço a Sra. Simon, mas o verso que você reproduziu foi a bofetada mais aguda que recebi nos últimos 94 meses. Tony.

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