sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Claro que eu me lembro da queda do muro, Tony! Não era uma jovem engajada, obviamente, mas já tinha uma idéia do quanto aquilo representava para a humanidade em termos históricos e sociais. Assistindo ao noticiário, senti no peito o encanto que experimentaria ao estar lá, ajudando a quebrá-lo. Cheguei a me imaginar dançando no meio dos escombros, com a gritaria e o entusiasmo servindo de música para os meus sonhos.

Sim. Foi um Carnaval inesquecível aquele. As pedras rolando... rolando, rolando. Pode pensar nele à vontade, meu querido. Só não toque mais no assunto. Para mim, página virada.

Quanto a torpedos não respondidos... Um torpedo não respondido, Tony, pode provocar a quebra do último sorriso cativante do ser amado. Pode exterminar todas as expectativas. A bela imagem no espelho em estilhaços no chão.

Tenho tido problemas com meu aparelho. Uma lástima.

Mas o que vem a ser a morte senão o grande grito da vida, meu querido. O desfecho inevitável dos orgasmos, das gargalhadas! Não deixa de ter o seu quê de lírico também.

Sim, o desentendimento é o único caminho possível até mim. Mas há outros. E a única forma de se chegar até eles é encontrá-los sem procurar.

Beijos, Tony. Beijos.
Sua Dolores.

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