terça-feira, 3 de novembro de 2009

Querida Dolores, meu desejo maior é te entregar as armas, as algemas e viver em paz. Esse nó que aperta minha garganta, neste exato momento, é a testemunha solitária de que tudo o que eu quero nessa vida agora é paz. Paz mesmo, com p de peace maior do que a Torre Eiffel. Não cansei de lutar, mas de brigar. E você sabe como uma coisa é diferente da outra. Deve ser efeito da chegada do fim do ano que, como você sabe, é uma época emocionalmente difícil para mim. Por que será? Nunca aconteceu nada no fim do ano que fizesse me sentir assim.

Calma! Viver em paz não significa renunciar ao acostamento e passar a caminhar a favor do vento. Não. Só não estou querendo fomentar novas revoluções durante uns meses. Só isso. Férias. Não de você. Apesar de nossas discussões crônicas, você conseguiu acessar meu inconsciente de forma brilhante. BRILHANTE, Dolores. Muitas vezes quando recebo uma carta sua tenho a sensação de que fui eu quem a escrevi. Como você explica isso? Desculpe se te cobro muitas explicações, mas essa de eventualmente achar que somos uma mesma pessoa dividida em dois é um ponto que eventualmente me faz pensar.

Que bom que você me acha um homem honrado. Que bom! Ler uma frase dessas é como colocar uma medalha no peito. Especialmente aqui nessa região do mundo onde não se pratica muito o hábito de valorizar caráter, postura, ética. Por que será? A colonização não foi tão brutal assim. Foi nas coxas, mas não foi brutal. Se a colonização do Brasil tivesse sido bem feita não teríamos metade dos medinhos morais que nos assolam à noite. Você concorda? Concorda que a suruba é p.f. na França desde sempre por uma questão cultural? Por falar nisso, o que você acha da grinalda, aquele símbolo que molda as noivas? Véu e grinalda. Interessante essa dupla. Você já teve vontade de usar? Concorda com muita gente que diz que toda mulher tem vontade de casar com véu e grinalda? Por que as que casaram, quando separam, não querem nem ouvir falar de novas uniões sob a mesma laje? Ai, ai, ai. Admito que hoje estou chato pra caralho, meu bem. Beijos, Tony.

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