domingo, 8 de novembro de 2009

Quer dizer que gostou do sonho da curra coletiva? Hum. Que não chegou a curra porque meu sonho foi apenas até os canapés populares, que você sempre gostou e atraiu. Não sei como até hoje você não foi copulada por uma multidão, sabe Dolores. O jeito como você anda meio toda dando, os aromas que você despeja pelas ruas das cidades fazem até os cachorros uivarem sem sentir dor, enfim, o pacote erótico que você carrega é capaz de fazer qualquer Maracanã ulular sem gol. Gol de futebol e não de genitálias sedentas copulando uma única cona, a sua. De quem mais seria?

Não estou lembrando da pernóstica garota de programa responsável pelo tríplice pé na bunda com bota de bruxa que relatei na carta anterior. Quem era? Você pode detalhar a situação, as envolvidas, enfim, sair do lugar comum de ficar soltando indiretas como estalinhos de quermesse quando hoje eu estou muito mais para cabeça de nêgo? Além do mais, você não lembra mas eu lembro, nunca gostei de garotas de programa. Não nego que gosto de táxi. Você pega, vai no ar condicionado, não tem problemas de estacionamento e tudo mais. Mas mulher de aluguel, não. Mulher só à vista. Cheque administrativo da Caixa Econômica. Opção de compra.

Se vivessemos na escravidão e eu fosse um senhor do engenho, você iria gostar de ser minha escrava? Ou simpatiza mais com a idéia de ser a mulher de engenho e ter a situação invertida na mão? Quanto a essa onda de que "dissimulada fica por minha conta" é porque quando uma pessoa vive nesse estado existencial (no caso você) em geral responde assim mesmo. "Fica por sua conta"; "coisa da sua cabeça"; "aí é problema seu". Que nada. Se você gosta de ser dissimulada, tudo bem. O que não entendo é fugir da confissão. Por que não confessa "sim, Tony, sou e gosto de ser dissimulada"?

Você diz "jamais me pergunte. Eu não teria a resposta". Perguntar o que? Pra que? Do que? Hoje você está mais escorregadia do que curativo de dente mascando caramelo Petrópolis. Ou vai dizer que caramelo Petrópolis é coisa velha, cheira a mofo? Em outras palavras, nossa troca de correspondência está subordinada a modernose? Desde quando? Você nunda me falou nada sobre isso. É por essas, e não por outras, que volta e meia sinto uma enorme dificuldade de te entender. Aí você vai dizer que te entender não é necessário porque seus olhos já são explícitos o suficiente. Verdade. Seus olhos são bastante explícitos mas não a ponto de transformarem imagens em verbos. Aí seria demais minha Dolores.

Como está o tempo aí? Faz calor, frio, mais ou menos? Como vai sua prima? Melhorou daquilo? Eu disse que não era nada demais e você ficou puta comigo. Pra variar. Sua idéia é voltar quando, já que nem bilhete você me deixou quando fez as malas e partiu? Ou corre nas suas artérias o desejo de não voltar? Aguardo. Beijos, Tony.

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