sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O tempo de sonhar já passou. E, se alguém perguntasse agora o que eu mais gostaria de sentir em meio aos dias e meses de um cotidiano aflito, responderia de tacada: paixão. Por um segundo ao menos. Contrariando a sabedoria poética de Cora Coralina, que dizia: “a melhor fase da mulher é quando ela não depende mais afetivamente do homem.”

Mas que saudade, às vezes. Saudade de quando esperá-lo agendava o meu dia e minhas tarefas unicamente para o ato de... esperá-lo. Saudade de quando sua chegada apagava toda e qualquer pequena dúvida ou desentendimento. Quando minha vida se resumia magistralmente na sua simples e imperiosa chegada.

E, no entanto, sei que nada disso pesa para o maior ato de amor que um ser humano pode se dar:

esquecer.

Por misericórdia, esquecer. Por respeito a si próprio, esquecer. Por compaixão e nobreza: esquecer.

Não existe recomeço para uma história sem fim, meu amor.

O que seríamos nós, afinal, depois de tudo acabado? Você, um Dom Juan fraterno e eu uma Penélope sem tear?

Vá saber.

Beijos. Dolores.

3 comentários:

  1. Meu Deus... é muito certo isso que vc escreveu, Dolores: "Por respeito a si próprio: esquecer". O problema é que temos o hábito de nos esquecer bem antes de esquecer o outro, a presença do outro. O cheiro, as conversas, as carícias... AH! Como é bom e ruim amar... depender e não mais conseguir esquecer...

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  2. Ai meu Deus...Esse foi o melhor de todos. Vivo uma paixão há 18 anos com vários intervalos...Quanta saudade...Mas acho que o fim chegou.

    Beijosss

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  3. Cara Dolores, Tambem tenho saudades, muitas saudades desses tempos... Como vc, tambem quero o beneficio do esquecimento, mas como tantas outras coisas que quero me dar e ñ consigo, ultimamente não tenho me permitido muitas coisa e uma delas é esquecer. Abraço.

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