domingo, 22 de novembro de 2009

Já vivi momentos de Scarlett em minha vida, Tony. De precisar encarar o dragão de perto sem qualquer preparo ou estratégia e contar apenas com a minha própria sorte (leia-se intuição). São momentos que jamais se esquece, uma vez experimentados e devidamente digeridos. Entenda: ‘não esquecer’ não como sinônimo de remoer mas de dado computado para futuras transgressões.

Meu querido, por que você acha que estamos juntos há tanto tempo? Saiba. Graças a minha estratagema de, vez e outra, me tornar codorna virgem e assustada para você. É... Quando esse seu enfurecido Xangô resolve aparecer, soltar os trovões e conquistar reinos vizinhos, recolho-me a minha insignificância de fêmea e espero a tempestade passar.

“Ele é quem quer/ Ele é o homem / E eu sou apenas uma mulher.”

Eu sou quem você quiser que eu seja, meu amor. Todas as suas antigas namoradas aqui e agora. Baixas-louras-puras-morenas-sirigaitas-cretinas-virgens-gueixas-crioulas. O espelho de seus desejos mais contidos, cerrados no peito.

Mas, para isso, tive de aprender a virar o rosto a fim de levá-lo a olhar em outra direção. Fazê-lo tirar os olhos de mim sem, contudo, desviá-los de mim. São pequenos truques femininos, meu amor. Pequenos truques.

Beijos. Dolores.

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