segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Hoje eu gostaria de ser outra pessoa. Já se sentiu assim? Algumas vezes esse enjoo auto direcionado toma conta de minhas sensações mais íntimas. E penso em Marcelle – você cisma com essa história. Não, ela não é apaixonada por mim. Então penso no seu sorrisão que sempre chega aos lugares antes dela... E também penso em suas variações de humor que insistem em apagar esse mesmo sorriso. Olhar distante, suspiro intermitente... Um pé na realidade tão absurdamente afundado nos desmandos do mundo que chega quase mesmo a se tornar algo virótico. Contagioso.

Tentei me afastar de Marcelle com medo de pegar sua moléstia crônica: falta de ilusão, de esperança e gosto, somadas a uma ironia muitas vezes irritante e ao mesmo tempo divertida. Tentei, mas não consegui. Meu instinto maternal, desprovido de maternidade que o valha, falou mais alto.

E você há de perguntar. E o que isso tem a ver com querer ser outra pessoa? Tudo, meu querido. Porque sendo eu outra pessoa, não me preocuparia mais com ela.

Na Poison, passada a emoção inicial diante das mazelas lacrimejantes de Mayume e olhando bem mais de perto, não vi em nenhum de seus relatos existenciais a dor que vejo por detrás dos olhos de Marcelle. Mesmo quando sorri. Ou mesmo quando gargalha em festas.

E é esta dor, Tony, o que nos torna tão próximas, a ponto de você enxergar sedução onde só existe solidão. Solidão tantas vezes gritada, discutida, incompreendida, silenciada em longas noites de vazio e escuridão regados a gim.

Não fui com ela. Ligou pedindo que eu viesse. Mas a dor de existir só a vontade cura. Volto sem ela. Saudades de você, Tony. Beijos. Dolores.

Um comentário:

  1. Que legal esta idéia do blog, adorei esta conversa entre dois personagens,

    Volto mais vezes!

    beijo,
    Manu

    ResponderExcluir