
Tentei me afastar de Marcelle com medo de pegar sua moléstia crônica: falta de ilusão, de esperança e gosto, somadas a uma ironia muitas vezes irritante e ao mesmo tempo divertida. Tentei, mas não consegui. Meu instinto maternal, desprovido de maternidade que o valha, falou mais alto.
E você há de perguntar. E o que isso tem a ver com querer ser outra pessoa? Tudo, meu querido. Porque sendo eu outra pessoa, não me preocuparia mais com ela.
Na Poison, passada a emoção inicial diante das mazelas lacrimejantes de Mayume e olhando bem mais de perto, não vi em nenhum de seus relatos existenciais a dor que vejo por detrás dos olhos de Marcelle. Mesmo quando sorri. Ou mesmo quando gargalha em festas.
E é esta dor, Tony, o que nos torna tão próximas, a ponto de você enxergar sedução onde só existe solidão. Solidão tantas vezes gritada, discutida, incompreendida, silenciada em longas noites de vazio e escuridão regados a gim.
Não fui com ela. Ligou pedindo que eu viesse. Mas a dor de existir só a vontade cura. Volto sem ela. Saudades de você, Tony. Beijos. Dolores.
Que legal esta idéia do blog, adorei esta conversa entre dois personagens,
ResponderExcluirVolto mais vezes!
beijo,
Manu