quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A lucidez nunca foi inimiga do amor. Amamos melhor ou sinceramente quando livramo-nos de todos os véus que insistimos em tecer para vivermos, teimosos, a paixão de Isoldas se lanhando em Tristãos. O que você chama de disco acabado eu prenuncio como nova sinfonia. Vinda de sons dissonantes não menos belos, no entanto – ou por isso mesmo . O que você denomina de mormaço amoroso, eu insisto em proclamar como o indício de algo maior, claro, definitivo.

Definitivo!?! Gritará você esmurrando o punho sobre a mesa. Para logo depois desfiar o rosário repetitivo de suas teorias caducas sobre o que imagina ser amor, paixão e liberdade.

Mas não existe bad end no amor, meu querido. Não, mesmo. E quem disse que a separação é irmã siamesa de tristes fins? Ou mau término, como queira.

Não! Também não disse que sofria de tonymania quando estávamos em Arembepe! Entendeu mal. Aliás, ali, eu sequer imaginava um dia sonhar ter consciência disso. Estava arrebatada demais pelas suas loucuras para ter acessos de clareza. Daí o equívoco (prefiro apelidar assim) que gerou em você a ofensa diluída em mágoa.

Quanto aos meus cheiros... será que deixaram de mudar? Ou não terá sido o contrário? Seu olfato que se perdeu? Estou aqui como sempre estive, Tony. Pulando da cama mais cedo, sim. Na época, para ensaiar uma hora a mais o número que apresentaria no Festival Espanhol. Lembra? Não, você não lembra. Sabe por quê? Porque estava preocupado demais com a viagem que faria a Marrocos. E eu só queria voar para você, Tony. Mais do que dançar... voar. Ser você.

Te amo. Dolores.

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