terça-feira, 3 de novembro de 2009

Ô, Meu Deus, mas que mania a sua de ficar lembrando esse maldito carnaval em Florianópolis! Me poupe, Tony, e vê se esquece isso! Fico irritada só de lembrar...

É, tudo começou com o casal de alpinistas sociais quebrando a garrafa de Casal Garcia, sim, mas nós não embarcamos na onda maluca dos dois à força, querido. Rezamos na cartilha desarvorada deles por pura e espontânea vontade. Ninguém pressionou. Deu no que deu. E eu não vou entrar em detalhes. Ponto. Eu me nego. Recolha às suas reminiscências todos os detalhes sórdidos dessa história. Ok?

De quebra, claro, Solange – já que você insiste, vamos lá. Tanto faz, para mim, se ela é homem-mulher ou mulher-homem. Minhas fantasias de encaixotá-lo como Helena independem dessa variante. Não tenho nada contra a nossa educada e sempre prestativa amiga, muitas vezes bem mais presente do que você em minha vida. Ela, inclusive, foi na entrega do “Castanhola de Prata” e se mostrou muito emocionada por mim. Percebi, de fato, um afeto sincero da parte dela. Mas, como diria Tina Turner, o que o amor tem a ver com isso? Nada, meus senhores. Mesmo sabendo de sua aversão a homens, Tony, ainda que travestidos, não suporto ver o interesse nítido e notório de Solange por você. Causa-me vertigens até! Reais, se interessa saber.

Lembra daquele almoço na casa de Cristina... que eu me senti mareada e você quis chamar médico e tudo? Não deixei porque sabia que eram vertigens derivadas de um torpor ciumento. Pronto, contei.

No mais, meu amor, é seguir a vida. Ah, e, antes que eu me esqueça. Não, querido, você não brochou.
Dolores.

PS: Nós dois, um dia, um casal normal? Sonhar não ofende. Mas, pressinto: nossa sina é digladiarmos até a morte, amor. Beijo.

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