segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Li sua carta ouvindo April Come She Will de Simon and Garfunkel. Um clássico do final dos 60, início dos 70. A música é sobre desolação e renovação, caos e cosmos, ser e não ser, mas a simplicidade da letra parece um poema seu que você me deu de presente de aniversário há uns anos atrás e que está guardado em minha carteira até hoje. Ele merece ser eternizado porque, naquele poema, você me apresentou a sua alma nua, completamente nua.

Lembro que, certa vez, eu estava passando perto do Descaralation Valley, parei o carro e desci. Como sempre não havia ninguém. Naqueles tempos, poucos conheciam o Descaralation Valley. Como depois que fiz aquela promessa nunca mais voltei lá, não sei se a explosão demográfica engoliu o nosso vale. Mas, voltando, desci do carro e, na beirada do vale berrei o seu poema, que ecoava pelas pedras antes de mergulhar no mar arisco, rebelde, fascinante de lá. Acho que cheguei a comentar com você sobre isso.

Esse seu poema, além de poema onde uma mulher no cio se desnuda para o seu macho, é um de meus amuletos. Ele me dá sorte. Aliás, Dolores, eu estive pensando sobre isso e concluí, há tempos, que você me dá sorte sim. Se isso te ofende, não posso fazer porra nenhuma my love a não ser lamentar robustamente. Em geral mulheres com seu perfil, ou profile como prefere aquele imbecil vizinho nosso que se acha englisman em nova iorque, não acreditam em sorte. Nunca te perguntei, mas sempre acreditei.

Não vou plagiar seus estados emocionais, especialmente tréguas do espírito e verões da alma. São coisas tão suas, que trazem até o copyright. Nossas diferenças muitas vezes nos tornaram UM e é graças a elas que vou continuar silencioso e úmido, agora, quando sinto visceralmente a sua falta. Mas, fazer o que? Ouvir April Come She Will foi minha opção. Beijos, Tony.

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