sábado, 7 de novembro de 2009

Dolores, sonhei com você essa noite. Sonhei que você não era minha, mas a Dolores Power To The People. Sim, minha querida, sonhei que você era estatal, Dolores do povo, andando em Fusca aberto pelas ruas, todo mundo passando a mão na bunda, sabe como é? Quando acordei fiquei meia hora sentado na cama pensando se foi sonho ou pesadelo. Além do mais, para variar, você não estava mais. Só vi suas marcas nos lençóis e o cheiro do seu gozo circulando no quarto à bordo do ar condicionado. Como estou condicionado. Puta que pariu. Como ainda tenho que me descondicionar. Puta que pariu. Eu sonho que "minha mulher" é do povo e até agora, quando sento na cozinha e esfrego essa caneta no papel, ainda não sei se é sonho ou pesadelo. Mas, como você me conhece mais do que a mim mesmo, com certeza vai ter essa resposta na ponta do grelo, não é Dol? Lembra quando eu te chamava de Dol e você não gostava? Por que, hein? Lembra quando te dei um disco do Rogério Skylab de presente de aniversário e você cuspiu na minha cara?

Mas esse sonho, que anotei, deve estar querendo relevar (ou quem sabe revelar) alguma coisa. Você vinha nua em carro aberto com todo aquele povaréu passando a mão no seu lorto (como Getúlio no estado novo - em minusculas mesmo), gritando intimamente o seu nome. Certeza quase absoluta ou pouco relativa de que pelo menos 87% dos que ali estavam já tinham ido pra cama brincar de telequete com você. O resto brincou na escada, nas praças, nos becos, na casa do caralho como diria o sobrinho do marques de Sade, aquele meu amigo esquisito pra cacete. Aliás, como anda o seu conluio com Sade? Aquelas coisinhas que não topei fazer contigo logo que a conheci, lembra? Ou vai dizer, mais uma vez, que "não lembro não,Tony". É, minha baby Dol, foram muitas negativas minhas. Fechei a porta na tua cara várias vezes. Várias. Como um boi castrado e cagão. Não sei como você conseguiu conviver até hoje com tantas negativas. Tantas.

Mas você não é nenhuma colegial e deve estar sabendo o que faz comigo na sua vida. Se não brinco de Sade, tenho sonhos que poucos sádicos teriam. Verdade ou mentira? Desculpe. Essa é tipo da pergunta que não se faz a uma mulher lindamente dissimulada como você. Ah, Dolores Dol, esqueci de dizer na outra carta que "dancing with tears in my eyes" foi aquela música do Ultravox que ouvi caralhada de vezes nos anos 80 quando você me deu o terceiro pé na bunda com bota de bruxa, aquela que tem o bico bem fino e entra até o talo. Achei melhor te explicar porque não sei se você chegou a conhecer essa música, que como xêpa de feira, ficou só umas semanas nas paradas e sumiu. Nunca mais ouvi falar.

Nosso cotidiano somado a sonhos que tenho tido parece querer berrar "ô seu babaca, não vê que sua história com Dolores foi pras picas?" E eu respondo, calado, "não, não vejo porque sou do tipo formal". Lembra que até em nossas surubas eu combinava tudo previamente? Pois então, eu só vou julgar a nossa história no ralo quando você disser. Enquanto não disser vou ficar me afogando na arrebentação doentia da sua dissimulação. E jamais!!! Jamais em tempo algum vou dar razão a minha intuição que, logo que a conheci, ficou me agulhando "essa mulher não é pra ti, cai fora meu chapa" etc. e tal. Achei muita prepotência da intuição. Que porra é essa de chegar dizendo quem é quem que é ou não é pra mim? Concorda, Dol? E aqui, do baixo das minhas reflexões, prometo que jamais vou te perguntar "vai ou fica?" por uma razão muito simples: eu nunca estou preparado para ouvir a resposta. Que merda né, meu amor? Beijos, Tony.

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