sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

E teve o Carnaval em que não saímos para nada, não arredamos o pé de casa, lembra? Montamos um piquenique na geladeira e ficamos vendo desfile madrugada a dentro... no silêncio da cidade deserta... sem ninguém... Todos foram! Engarrafados e felizes rumo às praias, ao calor, à festa gorda. Mas nós ficamos.

E como foram mágicos aqueles dias. Uma tarde, você cismou de ouvir música clássica. Sim, deu uma saudade em você.

Albinoni.

Você quis ouvir Albinoni.

Enquanto eu recostada no sofá lia Schopenhauer. “Isto não é livro para se ler no Carnaval”, você disse. E eu respondi: E Albinoni é música?

Hahahahaha! Nosso ataque de riso, lembra? Nós simplesmente não conseguíamos parar de rir... até que deu uma doida na gente e resolvemos deixar Albinoni e Schopenhauer pra lá e fazer um cachorro quente. Você mesmo preparou e ficou uma delícia com aquele molho barato do mercado. Como era mesmo o nome? Nunca mais vi dele.

Acho... acho, não. Tenho certeza. De que foi o melhor Carnaval da minha vida.

Será que conseguiremos um dia reviver momentos como aquele? Será que conseguiremos colar o cristal quebrado, ignorar as mágoas?

Sim, o afeto. O afeto é o último fio desse tear empenado.

E eu estou com medo. Medo de ficar só. E também não quero mais pensar sobre isso.

Beijos. Dolores.

3 comentários:

  1. Que lindo texto, Dola.

    Impressionate a riqueza de detalhes nesta memórias =)

    Beijo!
    Manu

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  2. Magistral esse texto. Me sinto a própria Dolores. Aliás tudo que vcs escrevem combina comigo. Se encaixa no meu momento...Por causa desse blog ate´comprei o cd da Carly Simon.

    Beijo!

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  3. Amei! *-*
    Além da riqueza de detalhes, descrita pela comentarista anterior, amei a sua escrita! Perfeita!

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