sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Ao longo de muitos e tórridos dias brincamos no mar, nas ondas, na areia. Durante muitas e tórridas noites, brincamos com nossas sereias. Nos sentimos imunes, impunes, blindados contra os vendavais do moralismo reinante em todas as camas e camadas da chamada sociedade. Por quê? Porque a certeza de que não estávamos fazendo mal algum nos garantia a invulnerabilidade dos inocentes. Somos inocentes, Dolores. Geramos muito prazer e respeito. Esteja certa disso. Como estou certo que minha face vermelha perante o vermelho das rosas e de sua calcinha em nosso primeiro encontro era reflexo da pura timidez e respeito.

Assim vejo nossos escudos protetores. Não, você não está subestimando afeto algum porque em nenhum momento ele nos deixou ou nós o deixamos. O afeto esteve, está e vai estar em nossa trilha porque foi banhado nele (ou seria afogado nele?) que construímos essa história de amor, que muitos julgam empenada, torta, derretida. Não, Dolores, de jeito algum. O nosso afeto é a marca da vida, do ar, da estrela ascendente no céu de inverno, enfim, todos os belos elementos da felicidade cabem nele. Em nosso afeto. Que jamais se encerra. As mutações o protegem dos oponentes que o cercam como hienas. Dia e noite, ano após ano. E o afeto vence. Sempre. Sempre. Mas depende de nós, você sabe, eu sei. Depende da dose de mágoa que eventualmente um injeta no outro. O afeto resiste às hienas, mas a mágoa não.

Por isso estamos distantes. Os choques estavam se tornando crônicos e chegamos ao limiar do respeito. Foi quando o amor liberou nossos instintos de preservação e nos separou temporariamente. Uma separação que nada tem a ver com as anteriores, sempre causadas por elementos externos. A separação que vivemos agora é a prova maior de nosso amor, de nosso afeto mútuo. Não vou tentar apagar o passado. Passado que não vejo como reverência, mas referência. Uma referência importante para que os acertos de hoje se multipliquem. Precisamos acertar mais, querida Dolores, e para isso basta pensarmos bem menos (de preferência não pensar mais) nos erros. Nós merecemos ser felizes. Como cantou Beto Guedes, há tempos "Meu amor, não leva a mal/ Chega de maltratar/ Quem só quer bem /E não tem mais razão de suportar/ Tanto." Beijos, Tony.

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