segunda-feira, 11 de abril de 2011

Ah, meu querido, agora eu me rendo porque dessa vez você trouxe às entrelinhas lembranças realmente felizes. Márcia Flores... minha doce e inseparável prima de carnavais e acampamentos. A quem ensinei a beijar como manda o figurino e a notar os rapazes com olhos de águia.


Dito e feito, deduziria um desavisado.



Mas, não. Quer por azar quer por ironia dos contextos, Flores foi parar em mãos desajeitadas e inexperientes e, desiludida dos alardeados dotes masculinos, já quase debandando para o outro lado do prazer, foi iniciada por você, meu amor. Sim. Eu disse a ela que lhe daria um homem de presente e foi com indescritível felicidade que o dei, assim... como quem oferece um licor. E saboreei cada momento daquela noite voyeur. Bebi va-ga-ro-sa-men-te cada cena.


Perfeita. Como foram perfeitas nossas madrugadas clandestinas, repletas de becos, marquises, ruas sem saída, luzes sorrateiras. Éramos dois perdidos farejando inferninhos. Praticamente uma gangue. Exatamente isso, Tony: uma gangue. Não sei em que letra de minha carta você entendeu que nosso sexo não era, ele também, parte central de nossa história. Era, meu amor. É. Caso contrário, eu não seria a Sua Dolores. Sou. Sua.

2 comentários:

  1. Tenho medo das cartas e dos tapas que estão por vim. Vc Dolores cada vez melhor,mas elegante. E o Tony ... sem comentários.

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  2. Muito bom, Dolores.
    '(...) como quem oferece um licor '. Adorei.
    Um beijo!

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