quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Querida (?) Dolores, vi sua cartinha. Vi e li. Está lá "devo me escangalhar de rir ou refletir com atenção aos detalhes?". Faça o que quiser. Você é livre. Aliás, com relação a mim, sempre foi livre porque não gosto de mulheres submissas, anuladas, existencialmente capadas. Sinal de péssima cama, mesa fraca, vida inútil.

Você insiste com as lembranças, num momento em que sinto saudade do futuro. Sabe, quando terminei de escrever a última missiva, acabei me masturbando, "saindo na mão" como decreta a genialidade popular. Pensando em você, mas numa espécie do que seria se não fosse seu horror fóbico a ousadia. Ainda havia (há?) muito a fazermos e você deixou, por baixo, um milhão de gozos atirados na beira do caminho. Só me resta lembrar. E lembrar não é sofrer. Sofreguidão é escudo dos aflitos e incompetentes que a utilizam como arma branca. Prefiro as negras.

Quando você foi voyeur das duas amigas e diz que as perdeu para sempre, a explicação é tão banal, Dolores. O voyeur é um delator em potencial. Por que? Porque acaba comentando com seus interlocutores preferidos. E mesmo sem citar nomes, acaba delatando. Menage é como o mar, feito para mergulhar, nadar, mas muitas vezes afoga. Por isso, escolher a praia é fundamental. Até hoje não entendi porque você não surfou a onda das suas amigas, partiu pra cima, pra baixo, pra dentro, pra fora. Não entendi, não entendo e nem entenderei. Mais: você sequer pensou em traze-las para a nossa cama, alegando, de novo, medo de um rali sexual.

Ora, Dolores, a vida é do cacete e eu continuo amando você. No fundo (e no raso) você sabe disso. Mas não parei na esquina esperando um ônibus provável que ninguém sabe se passa por ali ou não. Nunca fui de ficar ronronando assuntos, lambendo pelas beiradas. Quando te PROPUS DIRETAMENTE um menage você esguichou no ato. Sei porque estava lá dentro. Você ameaça me odiar se eu não calar a boca. Pois, odeie à vontade Dolores. Quieto não fico mais. Nunca mais. Tony.

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