sexta-feira, 11 de março de 2011

Dolores, minha (?) querida (?). Sábado de Carnaval, 4 horas da tarde. Estou em Madureira e meu bloco já terminando de se alcoolizar pra sair. Aproveitei que uma amiga está de laptop (ela é médica do Corpo de Bombeiros) e decidi escrever, daqui, da cratera dos vulcões da alegria onde reina o aroma de hormônios. Bateu saudade de você. Logo a imaginei lendo Sartre, ou assistindo a depressivos filmes do gênero "A Festa de Babette", como você costumava fazer em feriados chuvosos.

Não gosto de banheiros químicos. Balançam, parecem que vão cair, mas fazer o que? A saudade de você foi tanta que entrei em um deles com a intenção de me masturbar. Foi quando me deparei com três problemas: 1 - Já bebi muito rum. Se gozar vou querer deitar sob uma marquise e dormir; 2 - A fila está grande e você sabe (sabe?) que eu demoro a gozar: 3 - Você não merece que eu corra esse risco, pois amanheceu este ano de 2011 como uma fundamentalista islâmica, uma lacerdista.

Li suas duas cartas e senti o manto do moralismo pendurado em seus varais. Logo você, com quem rolei ruas e avenidas cruzando, uivando, chutando baldes e mais baldes politicamente corretos. Sente falta de quem a nomeie? Pois, aceite carinhosamente meu rótulo: lacerdista. Está bom assim, minha ex-aiatolá? Ah, que bloco de Carnaval estou enfiado? É aquele, aquele mesmo que você me dizia "vai Tony, vai ver seus amigos", mas na volta me dava uma geral. Como um PM não corrupto.

Dolores, desculpe se algumas palavras estão erradas, mal escritas ou tortas. Muito barulho aqui. Muito rum, mulher seminua, apesar da garoa e da temperatura relativamente baixa. Prometo que dedicarei a você todas as marchinhas de duplo sentido que a banda certamente vai cantar nesse ralí que faremos até a Cinelândia. Sim, Dolores, Madureira-Cinelândia sem escalas. Mas, minha amiga médica dos Bombeiros estará na ambulância acompanhando com seu laptop e, assim, você terá como me responder até quarta-feira de cinzas.

Quanto a sua dignidade, nunca questionei. Ela apenas involuiu para um estado mais talibã de ser, mas isso não é conversa para Carnaval. Beijos do Tony.

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