Sabe, Dolores, eu não esperava que você fosse receber minha última carta com tanto ceticismo, pessimismo, enfim...De repente me vi como uma música velha tocando nos tímpanos da sua alma. Música velha não é música antiga, como eu julguei que fosse para você. Claro que você é livre para sentir o que quiser e o que não quiser por alguém, ou por uma situação. Mas, sinceramente, eu achei que ainda restava algum sinal de boa sintonia entre nós dois e por isso, somente por isso, propus o nosso reinício. Reinício que necessariamente não significa começar do zero.
Eu esperava que você fosse me responder com o mínimo de esperança, expectativa. Mas, elegantemente você diz ter aberto mão da vida a dois no geral, e não apenas comigo. Com certeza para não me magoar, porque sei que você, como eu, achamos que "sozinho não dá". Quantas e quantas vezes conversamos sobre isso..."sozinho não dá". E no entanto, como se tivesse esquecido de tudo o que dissemos um para o outro você diz estar se adaptando a solidão. Se foi para me consolar não funcionou, Dolores.
Espero que você resolva todos os seus entraves existenciais, na certeza de que não sou e nunca fui um deles. Torço para que você seja feliz da melhor maneira possível. Gostaria de desejar que fosse do jeito ideal, mas a felicidade ideal não existe. Agradeço por ter me dispensado de seus planos com tanta clareza e transparência. Mas, sem dissimulação, mentira e similares continuo achando que sozinho não dá. Seja feliz. Sinceramente, Tony.
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